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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bebe Blues Come Jazz se Transformará em "On the Rocks"





Há uns 10 anos comecei a frequentar o bar que mais gosto em João Pessoa. Muita gente legal, que vai tomar uma cerveja depois da aula na universidade, jogar uma partida despretensiosa de sinuca mata-mata.

Já disse em outra oportunidade que é um dos lugares em João Pessoa que mais me lembra os meus amigos. Eu e André Negão vivíamos lá (e ele sempre gostava de jogar uma partidinha de xadrez - pra pegar uma garapa, claro, porque na sinuca não dava pra ele), mesmo naqueles dias em que nada parecia funcionar na cidade. Eu, ele e tantos outros da universidade íamos muito lá jogar conversa fora e tomar uma heineken ou uns uísques... em outros tempos, eu, Becka, Fábio Simpson, Lalá, Fernando Jr. também fomos muito...

O Major, ex-dono do estabelecimento, sempre estava trocando uma idéia com a galera, além de desafiar, de quando em vez, algum mais chegado para uma partida de xadrez ou mesmo de sinuca, quando estava muito inspirado, normalmente na quarta feira, dia de menor movimento.

E o Bebe Blues tinha (e têm mantido) essa cara de rock n' roll, blues, jazz e de uma cara de bar old fashion mesmo, onde a galera só toma cerva mesmo e vai conversar, dentro ou mesmo fora do bar (que fica muitas vezes mais lotado do que o interior dele).

Agora, sob a administração de André, que há três meses está sozinho como proprietário, o bar está dando uma pequena mudada, mas mantém as características que sempre o fizeram ser o que é - um bar predominante de universitários, de gente de verdade, despojada, a fim de boa música, de curtir a sua (seja ela qual for) e de uma sinuca pra relaxar.

Aliás, tive oportunidade de trocar uma idéia com o dono, que é do Paraná e lhe parabenizei por ter mantido a idéia do bar que, segundo ele, vai trocar de nome e passará a se chamar de "On The Rocks" - o Major, aparentemente, pediu o nome - Nada mais justo. O novo nome é legal, mesmo que pouco ou nada se veja alguém tomando alguma coisa on the rocks lá...

Enfim, de novo mesmo, agora tem dois banheiros, onde bem antigamente era um pipimix, não há mais duas sinucas, mas somente uma (antes tinha uma sinuca para a segunda divisão) e o som que anuncia que o bar está fechando, quando André suspende a venda das fichas da sinuca e coloca o som de uma banda que ele gosta muito (em todos os finais de semana de janeiro eu fui lá e escutei) chamada de "Terra Celta", que por sinal tem um site muito legal com downloads grátis de músicas (http://www.terracelta.com.br/).

O resto continua o mesmo. E tomara que continue assim, porque eu não conheço outro bar no mesmo estilo em João Pessoa.

Salve o Major! Salve o Bebe Blues! Boa sorte à André na tocada do "On the Rocks"!

Maria Bethânia - Estação Nordeste



Ainda cogitamos de não ir vê-la por causa da chuva. Mas foi só por alguns segundos, porque depois acabou prevalecendo a (óbvia) razão de que nem que chovesse canivetes iríamos vê-la - Oportunidade como aquela dificilmente aconteceria novamente - era de se ponderar.

E lá fomos (eu, Carol, Cris, Yve, Paloma, Vi e Fernanda) para as areias do Cabo Branco ver e ouvir (por que ela é de se ver tanto quanto se ouvir) a maior cantora do Brasil em atividade, pelo menos para mim. Ainda fizemos, rapidamente (no final do show, claro) um tipo de ranking delas - E à unanimidade apareceu Maria em primeiro, seguida, de longe, talvez por Marisa Monte, Nana Caymmi ou Gal...

Mas vamos lá. Ela, sozinha, é a intérprete, a atriz, a entertainer, o palco, o som, tudo, tudo. Ela seria capaz de fazer um espetáculo inteiro, somente cantando à capela e recitando poemas (como costumeiramente faz nos seus shows) como em "Cartas de Amor", de Fernando Pessoa, lindamente interposto entre as estrofes de "Mensagem".

E não seria nada fácil recitar poemas ao ar livre, nem mesmo conversar e contar histórias como ela fez, na sua voz aveludada e tranquila - e o público - num misto de hipnotizado e encantado, escutar (e não só ouvir) essa esquálida fantástica contar de sua relação com o irmão (que lhe poupa, desde que nasceu - junto com Chico - o esforço para compor alguma coisa...) e com a mãe, a quem dedica o show, chamado de "Amor, Festa e Devoção, o espetáculo".

Esse é um título que mostra muito de tudo que a acompanha na sua carreira. O amor com que atua na sua vida artística e que aparece escancarado nas suas interpretações, a Festa que produz no seu cantar e a Devoção à mãe, ao irmão, à cultura afro-brasileira, ao palco (onde só entra descalça por entender que é terreno sagrado...).

Sozinha, ela canta, e junto com o cantar vem o sofrimento que o público percebe na expressão facial, na pancada que ela dá no próprio peito, quando arqueia os ombros para frente, quando faz um meneio de mão que explica em gestos o que a canção diz, quando desliza lentamente pelo palco, quando agarra os longos cabelos grisalhos, e quando senta para cantar com seu maestro violeiro, como se estivesse num alpendre na beira da praia (e estava mesmo!).

E assim ela cantou, prendeu o público durante quase uma hora e meia. "Vida", "Fera Ferida", "Não identificado", "Teresinha", "Ronda", "Explode Coração", "Estrela" (do fantástico Vander Lee - que vai, cada vez mais calcando firmemente sua carreira - vai explodir dentro em pouco, tenho certeza), "O que é o que é" e "Reconvexo" talvez tenha sido o clímax do espetáculo, todo mundo dançado uma quizumba...

Ah! E ela ainda consegue transformar "É o Amor" numa linda apresentação teatral e fazer esquecer dos gritos que Zezé de Camargo nem consegue mais dar... e como música incidental ainda espeta "Vai dar namoro", arrancando gargalhadas da platéia...

Ainda tivemos (mais uma vez) a participação de Chico César (que se consagra, por fim, no show de Zeca Baleiro - outro post - como grande responsável por trazê-la, e a Ana e Gabriel), cantando lindamente "Dona do Dom" e "Onde estará o meu amor". Só foi horrível ele dizer que estávamos todos em "Grã-Bethânia" - What the fuck? Mas tudo bem, passou.

Sim! E a santa chuva veio. E foi lindo. Ainda bem que nossa sanidade prevaleceu e vimos, sob a chuva, um espetáculo difícil de esquecer. A filha de Dona Canô também pareceu encantada com o que viu nas areias da Praia do Cabo Branco e consolidou um marco na história cultural da Paraíba.

Pisando em pétalas de rosa, entrou no palco e transformou a praia numa enorme celebração à boa música.

Viva Maricotinha!!!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ana Carolina - Estação Nordeste


Depois de ter passado uma tarde inteira movido à samba no Cariocando Bar e de uma dormida para renovar as forças, acabamos chegando (eu, Carol, Yve, Núbia e Kris) atrasados para ver a Musa da diversidade sexual nas areias do Cabo Branco. Sob gritos de "necessáaaaaaria" e "absoluuuuuuta" ainda consegui ver uns 40 minutos de uma Ana Carolina que faz jus a tudo o que conquistou, sobretudo do ano 2000 pra cá, tendo sido um dos artistas que mais venderam discos até então.

De minha parte, nunca tinha visto em nenhum outro show dos que já fui, a praia de Cabo Branco tão lotada, o que só comprova a força da música (e em muito também, da personalidade que é Ana Carolina).

Dona de uma voz em Contralto, mas que é capaz de alcançar agudos incríveis, Ana atrai realmente públicos os mais diversos, e sua música, que vai do Rock à embolada, do Samba ao Funk, do Tango à Música Eletrônica e que mistura não só os ritmos, mas também os discursos - moralistas, políticos, românticos, sacanagem pura - ajudam e muito na formação dessa massa de gente tão diferente, mas que a idolatra de maneira intensa como é sua voz - E como grita!!!

Das que ainda consegui ver, estavam "Quem de nós dois" (um de seus maiores sucessos), "Encostar na Tua", "Cabide" (quando ela tocou pandeiro e ainda emendou com "Implicante"), "Rosas" e terminou o setlist com "Uma Louca Tempestade" (que apesar das previsões, ainda bem que não caiu), uma das músicas mais fortes que ela tem na minha opinião. Voltou para o bis para "Garganta" (numa batida meio eletrônica), fazendo o público cantar a música que a lançou para o cenário nacional.

Nota: E vai se fortalecendo (pelo agradecimento pessoal da própria Ana deu pra perceber) o nome de Chico César como grande responsável pela vinda dos artistas que estão nesse festival: "Agradeço a Chico César por ter me trazido pra cá. Valeu Negão!" foram suas palavras. Ele sabe como pisar no coração de uma mulher, o que também se repetiu para Maria Bethânia (próximo post).

De resto, a audiência acompanhava cantando com sagacidade e paixão, que é marca registrada da maioria das composições da artista, que gosta tanto de falar de amor, de dor, de coragem, de desejo, de perdão e sempre de maneira muito pesada no cantar e nas batidas sempre presentes, de um violão.

Dos registros que encontrei, talvez esse seja o que melhor mostra a performance de Ana, bem como a força da sua voz e a paixão do público: http://www.youtube.com/watch?v=1HU3n9CLjTE&feature=related

Mais uma vez, música muito boa, tudo começando no horário, um público altamente civilizado - até os banheiros foram invertidos num lampejo de bom senso de algum organizador municipal da festa (reclamação que até tinha registrado no show de Margareth) e, só restou, novamente, ir para o Bebe Blues Come Jazz, encontrar com personagens sentimentais do Mad Max e viver intensamente o que restava de (mais uma!) noite de verão.

Allez!

foto: www.tevinabaladapb.blogspot.com

Cariocando - Samba bom no Bessa


No último dia 15 de Janeiro, por convite do meu grande amigo Dimitre Soares (além de tudo, um bom apreciador da boa música), fui conhecer o Cariocando Restaurante Musical Bar (http://cariocandopb.com.br/cariocando/home/3) na praia do Bessa (logo ali no comecinho, quando em vez de entrar à esquerda no MAG Shopping, seguimos direto - fica logo à frente uns 200 metros).

Grata surpresa! Uma investida completamente sem pretensões acabou se tornando uma ótima opção para o sábado, ouvimos som de Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Bezerra, Moreira, Agepê, e por aí se desenrolou um ótimo dia, na sobra tranquila, na brisa fresca e na cerveja gelada do local. Pelo site, dá pra ver que rola também samba aos domingos. Outros dias tem Chorinho, Bossa e MPB para Happy Hours.

Ao som da Organização Brasileira do Samba (Obras), liderado por Bené, a banda fez um samba de mesa que não se resumiu unicamente à própria mesa da banda, mas incluiu também as mesas de todos que estavam no local, trazendo boa parte dos instrumentos para encerrar com a audiência, extremamente satisfeita com o repertório e a desenvoltura do grupo.

O samba (já soube pelo site) desses sábados e domingos de janeiro tem sido "solidário" pois os proprietários encabeçam também uma campanha pelos desabrigados do Rio de Janeiro - iniciativa muito legal por sinal. Recebem doações dos clientes e a banda doa metade do couvert para os desabrigados da tragédia carioca.

Outra boa pedida para o verão e - tomara - que se firme, sendo uma outra boa opção para a cultura paraibana.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Margareth Menezes e Gabriel Pensador - Estação Nordeste


Nesse final de semana fui dar uma olhada no 'Estação Nordeste', projeto da prefeitura municipal de João Pessoa que há alguns anos tem acontecido - e de maneira muito feliz, registre-se - no Busto de Tamandaré. Muitas famílias, muitas crianças num evento muito bem estruturado (com exceção dos sempre problemáticos banheiros químicos, que dessa vez estão absurdamente instalados virados para um muro - e a menos de 1,5 metros dele - sem iluminação, um caos.)

Enfim, mas na sexta vi uma negra belíssima levantar a galera nas areias do Cabo Branco. Ela, que é considerada precursora do movimento Afro no Brasil - e trouxe elementos e instrumentos musicais da cultura afro para o palco - sempre foi tida como referência para a música baiana brasileira, mas também da chamada world music, tanto que foi indicada por duas vezes ao prêmio nessa categoria no Grammy Awards.
Além disso, a cantora e compositora está sempre engajada em movimentos políticos pela preservação da cultura afro e de campanhas filantrópicas e educacionais.

No setlist, consagradas como Faraó (Divindade do Egito) - o primeiro samba-reggae do Brasil, Dandalunda, mas também músicas do novo disco "Naturalmente", num estilo mais pop. Teve até espaço para um "Imagine" de Lennon. Dividiu o palco momentaneamente com Chico César para cantar Mama África, que também foi um dos pontos altos do espetáculo.

A marca maior, no entanto, é a energia que ela mesma emana. Não para um segundo sequer e exulta a galera a participar da festa. Muito bom o show. E claro, o último show que tinha visto da Musa do Afromovimento brasileiro tinha sido ao lado do meu grande amigo Becka, mas eu me lembro muito mais da nossa preocupação em ser assaltado do que exatamente do show, que também só vimos por menos de 10 minutos...

Já no sábado, ao som de Gabriel o pensador (que entrou bem atrasado nas areias do Cabo Branco) a galera (muitos pensantes, por sinal) relembraram sucessos do rapper (talvez o único com alguma projeção) brasileiro - meio eminem, no meio da galera black que leva esse movimento (ainda que sem muita força midiática).

Acompanhado de banda de base e dj, mesmo no som péssimo - parece que tinha sido meio montado às pressas mesmo - fez um show muito legal, apesar de em uma parte dele parecer que Gabriel estava meio down, cantando raps meio intimistas, falando de morte e tal (nem sei se existe rap intimista, mas vamos lá).

De fato, Gabriel ainda logra os êxitos de uma carreira que nasceu de maneira bem interessante quando ele criou a música 'matei o presidente' que, no caso, era Fernando Collor de Mello, que acabara de sofrer impeachment. Detalhe é que a mãe do cara era assessora dele.

A partir daí (e são as principais músicas do show) sucessos como 2345meia78, Cachimbo da paz (que sempre instiga muito a galera...), Astronauta (cantada no bis), Até Quando? e Palavras repetidas, um rap que utiliza (coisa muito comum nos raps de Eminem, Jay-z, Tibaland...) o refrão de "Pais e Filhos" do Renato Russo (acho que a música de maior projeção desde 2005).

De quebra, ainda deu tempo de fazer rap tendo por tema as praias e bairros da Capital da Paraíba, afinal "João Pessoa" é ótimo pra fazer rima com "muito boa" e "Cabo Branco" tem uma rima 'rara' com "meu canto" e por aí vai.

Participou do show também (e com toda moral que merece) Escurinho, e cantaram juntos "A mulher que virou homem" de Jackson do Pandeiro. Gabriel se divertia com sua câmera digital ao mesmo tempo em que cantava, registrando tudo e pedindo pra galera participar do registro, sempre.

De resto, as areias do Cabo Branco tem sido, até agora, bom lugar para ver boas atrações.

De lá, só indo para o Bebe Blues Come Jazz (sem o Major), escutar música boa, lavar a 'Absolute', com 'Heineken', sentir muita saudade dos amigos (poucos lugares me lembram tanto deles) e jogar aquela sinuca em boa companhia, que ninguém é de ferro.

foto:http://www.paraibamix.com/2011/01/estacao-nordeste-comeca-hoje-em-joao.html

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Som da Pipa



Passada a virada do ano (e depois de dois anos sem ir à Praia da Pipa) posso afirmar que aquilo que alguns chamam de “o som da Pipa”, na verdade, não existe.

Não existe porque o som da Pipa é uma concha de retalhos igual a plêiade que forma a sua constelação humana: cultura de todo tipo, cultura de todo canto, de várias idades e de idades que não existem porque não se contam mais. Comentava com Carol que uma das coisas que mais consegue, por mais tempo que faça que eu vá ali, me impressionar, é notar que o ser humano continua sendo, no ensinamento sofista de Protágoras “a medida de todas as coisas”, porque cada vez que estou ali percebo que o homem se molda, cada vez mais, tão somente, pela sua própria liberdade. Ainda que existam várias delas que possam ser consideradas ruins (ou feias) uns pelos outros.

E todos têm o som da Pipa no seu Pendrive. E andam com o som da Pipa no bolso. E se empolgam quando o som da Pipa toca em qualquer casa (mesmo a do Karalho, que também está lá) e ele, o “cara” que tem o som da Pipa diz: esse é o som da Pipa!

Mas o “cara” chega com o som da Pipa no bolso na casa de alguém que tá fazendo outro som e diz, empolgado: “vamo ouvir o som da Pipa, cara” e poe, todo empolgado, a tocar uma música muito legal, mas fica meio incomodado, quando, aos poucos, vai percebendo que não há mais empolgação. E corre lá pra mudar o Som da Pipa e fazer a coisa voltar a ser legal e ele ser, novamente, o cara que sabe o som da Pipa.

Mas não dá. Ninguém tem o som da Pipa, apesar da Pipa ter alguns sons que já são tradicionais (e olha que conheço poucos) – Mas o Bob Marley e o Peter Tosh da Praia do Amor estão lá desde que comecei a ir por aquelas praias e ainda persistem (que bom!). O bregão de altíssima qualidade (de Bartô Galeno e Fernando Mendes pra frente, que o Nativo escuta todo santo dia o dia todo na rua principal também continua, talvez pra felicidade de meu amigo James Castro, que tomou falta esse ano.

Mas a velocidade com que a Praia da Pipa funciona no final de ano reflete, aparentemente, na música: Estávamos todos ameaçados pelo “vou não, posso, não quero não, minha mulher não deixa não...”, mas o que eu percebi é que, ao menos no Réveillon, não há como nenhum outro tipo de música desbancar a eletrônica.

Nesse ano, o som da Pipa, entre tantos outros, foi “Panamericano”, talvez seguida de perto por “Miami Beach” e por “Barbra Streisend” (a música, e não a cantora, ressalte-se), “When Loves Takes Over” (David Guetta ft. Kelly Rowland) e “I know you Want me” (Pitbull – apesar de ainda ser de 2009).

Mas o som da Pipa ainda foi Los Hermanos e Rappa, no violão e passando, aqui acolá, em uma ou outra casa... foi Red Hot Chilli Peppers no Slane Castle (o DVD rolando no Laptop e a gente empolgado ao som de “By the way”, “Scar Tissue”, “Around the World” e por aí vai...). O som da Pipa foi o Trivelinha, que agora arrasta quase tanta gente quanto uma trivela comum... O som da Pipa fomos eu, Carol, Rosemberg, Waleska e Fernando Júnior, na barraca do Eleno (com “E” mesmo) às nove da manhã, afterparty (e entrando em outra), cantando “My dreams, is to fly, over the rainbow, só high! (Rise Up!)

Foi ainda, na Kalangos, o som da Pipa, Patusco, esse grupo musical do Recife que faz a coisa parecer, verdadeiramente, a Sapucaí (mas sem esquecer, nunca, as raízes pernambucanas – novas e velhas – do frevo e do manguebeat) – E ficamos, eu e Carol, com a “cereja do sorvete” ao ficarmos na meia hora final de show e ver, no meio da galera, tocarem “Zé do Caroço”, da Leci, não sem antes uma performance incrível da mini-bateria de escolha de samba que não estava recuada, mas verdadeiramente, no meio do povo.

E foi, por fim, o som da Pipa, do grande DJ Rica Amaral. Considerado por vários anos o melhor DJ do Brasil (ele foi um dos idealizadores do XXXPerience) e faz um Psy Trance (que muitas vezes pode ser complicado de ouvir) melodioso e com batidas que fazem dançar instintivamente – pode ter sido efeito de ele mesmo não querer mais nada parecido com o zumbido parecido do motorzinho que usava quando era dentista e largou a profissão para virar DJ. Empolgou a galera que ainda lotava a boate, mesmo às 7 e meia da manhã...

E daí, voltando para casa, naquela caminhada causticante nos paralelepípedos de Pipa, em direção à Casa da Farinha, para comer o peito de peru com salada na baguete, dá tempo (e chão) para retornar a ouvir o inalienável e intangível Som da Pipa recomeçando (com Bob, com Peter, com Bartô, com os destroços de Chiclete com Banana ou Asa, ou Aviões do Forró) e notar, de novo, que ninguém tem o Som da Pipa.