Para o amigo Fernando Jr.
Definitivamente, mais uma prova de que hoje, sozinho, o sujeito pode virar um astro sem exatamente ser um grande cantor ou instrumentista. É uma grande mistura de talento intuitivo musical, com todas as possibilidades que a eletrônica proporciona, além de parceiros musicais e produtores de peso.
Mas deu pra perceber que é muito mais no show ao vivo. É uma verdadeira mistura de sensações que não se resumem a ouvir uma música que pega feito jigles de propaganda, uma atrás da outra. A gente se empolga com o que vê - matuto emprenha pelos olhos, como se diz. E eu continuo sendo um grande matuto, porque a visão, nesse caso é um grande catalisador daquilo que se escuta.
Nota ruim, de profundo desrespeito ao consumidor, que paga caro pra assitir o show: a entrada. Desorganizada a mais não poder. E olha que o povo do Recife (e todo mundo de várias partes do nordeste) foi bem educado, porque do contrário, os madeiritos que formavam a entrada/funil tinham ido pro beleléu fácil, fácil. Ainda bem que não aconteceu. Outrossim, a tal da pista premium tomou toda a extensão na frente do palco até o fundo, a pista simples ficou bem na lateral, mas não tava incomodo não, só para registrar que daqui a pouco, a parte privilegiada, que é, normalmente pra ser menor, estará bem maior. Será VIP ficar na pista comum, espaço bem mais reservado. Uma Casa Grande e Senzala ao Contrário. Agora só sendo ultra-super-Vip pra ter algum privilégio - área lounge, massagem e uísque na faixa.
E tudo começa com um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=doCVwcknfUA) onde Will.i.am, Rihanna, Pitbull, Norman Cook, Chris Willis, Afrojack, Akon, Snoop Dogg, Sia e outros falam do quanto ele mudou a cena da música eletrônica, e realmente aproximou ainda mais a música pop dançante com a batida eletrônica, tão bem encaixada por ele nas produções desses artistas. Alguém diz que ele está no topo, e agora faz de tudo para não sair de lá. Não é fácil ter músicas no topo das paradas em mais de dez países ao mesmo tempo. Ele diz qu gosta de tocar e ver a reação do povo na platéia. Acho que o Recife lhe deu gratas surpresas...
E eu, que ainda me embasbaco com tanto laser, ouvi a minha irmã me perguntar, logo na primeira música: "E é David Guetta em 3D, é?". E realmente, durante todo o show, percebi que as luzes e os lasers não são mais apontados para quem está em cima do palco, mas pra quem está embaixo, numa grande interação e criação de um clima de grande Rave. Além disso, é fogo que sai do palco, muito gelo seco, papel picotado laminado voando, fitinhas que voam para a platéia do palco. Tudo embeleza o espetáculo.
Já na primeira música, "Sweet" http://www.youtube.com/watch?v=xHBU10x7ZrA&feature=related deu pra perceber que o show seria inesquecível. De fato, estando agora, definitivamente na rota internacional de grandes shows (e no estilo Armin Van Buuren e Pitbull também já estão a caminho) o Brasil parece que tem a capacidade de embasbacar os gringos. Vários, depois das primeiras vindas ao país, ficam encantados e surpresos como suas músicas são tocadas (e cantadas, gritadas!!!) e ficam (como o próprio Guetta) dando várias oportunidades para a platéia se esganar nas suas músicas. Pra quem é DJ é fácil, é só baixar o som e se deliciar, sozinho, em cima do palco... 15 mil pessoas dá um coral e tanto, não?
E logo no começo, ele disse que aquilo era uma festa enorme, e perguntou se o povo estava pronto. E estava, muito pronto. Todos os vídeos que procurei só dá pra ver um pedaço das músicas, porque depois, a loucura toma conta e o vídeo fica completamente impossível de ver. Dos que ainda se consegue ver bem, consegui esse, de Memories (http://www.youtube.com/watch?v=IhRmDurUwCo) e de Love is Gone (http://www.youtube.com/watch?v=iZIWUCPt1l4&feature=related). Todos mostram o quanto a iluminação daria para sustentar uma pequena cidade de tanta energia disparada pra todos os lados.
Ainda que o show seja recheado de hits (Titanium - Memories - Give me Everything - Where them Girls At - Levels - Club Can't - The World is Mine - Little bad Girl - Rolling in the deep - Sexy Bitch - Gettin' Over You - Love is Gone), ainda dá pra perceber que ele faz remontagens de suas próprias músicas, e usa loops, ecos, distorções entre outros, num quebra cabeça que a galera vai descobrindo e montando ao longo do show. Tudo sempre com muita luz e empolgação. Dele, no palo, e da galera.
Assim, Recife se deliciou e consolida, cada vez mais seu porto seguro em relação aos shows de grande porte, sobretudo os internacionais. Encerrou com Without You e I've Got a Feeling (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=scGNAOc0EF8), e este vídeo foi filmado do palco, e dá pra ver como a galera reagiu ao hit final do Francês que esbanjou alegria e simpatia na Veneza Nordestina.
Lembrei de outro dia, também muita música, mas bem diferente. 2007 e era um tal de Norman Cook, chamado de Fat Boy Slim em uma platéia bem diversa: quase 100.000 (cem mil) pessoas loucas pulando no marco zero. De lá, ficaram algumas coisas: o gosto pelo som, as amizades e o que tinha que ficar.
Tudo com Heineken e na companhia da minha mana, que dançou como eu nunca vi e de Carol, transformando os dias comuns, de quinta, em domingos de carnaval...