No último dia 21 foi ver, pela segunda vez (depois de, pelo menos, uns 13 anos - o último show dela foi no Clube Campestre) a gaúcha Adriana Calcanhoto na sua turnê Trobar Nova.
Ainda àquela época (lá por 1995 ou 1996) foram produzidos, pelo menos na minha opinião, os dois melhores discos dela: Senhas e A Fábrica do Poema. Era uma loira lindíssima e nunca me esqueço de um vestido azul realeza com os cotovelos e joelhos à mostra. Eu era um adolescente que consumia (junto com um pequeno e seleto grupo de amigos) ferozmente Adriana, Marisa e a melhor de todas: Bethania.
Sábado aparece já uma bela senhora (no auge de seus 45 anos), de olhos verdes e uma serenidade extrema e de uma voz que é um veludo para os ouvidos. Nem de longe parece alguém que já entrou nua num palco para acompanhar Rita Lee... Mas encantadora, num vestido rosa choque e uma capa verde-amarela.
A serenidade só foi quebrada uma vez, depois que um chato insistente gritou, por umas três vezes: "canta Pão Doce!" e ela, delicada e firmemente respondeu, depois da terceira vez: "já ouvi, não precisa gritar, isso aqui é um teatro...". O povo aplaudiu (pra calar a boca do indivíduo), mas fica aquela tensão a cada passagem de uma música para outra, esperando outro gaiato mal educado gritar qualquer outra coisa. Ainda bem, não aconteceu.
Ela - que parece que ainda está sofrendo com uma fratura no punho direito - trouxe também à Campina Grande para acompanha-la nos violões, Davi Moraes, grande guitarrista e que, certamente, deu ao espetáculo um toque ainda mais primoroso (tendo em vista o grande instrumentista que é - mesmo sem desdenhar a que a própria Adriana é). Ele aliás, está encabeçando um projeto muito interessante chamado "Som e Areia", tendo organizado uma casa em Jericoacoara onde recebe músicos amigos para fazer som. O projeto passa no multishow e tem sido muito interessante.
Começou cantando "Beijo Sem" e emendou "Eu sei que vou te amar" .A partir daí vieram, principalmente, as consagradas "Medo de Amar", "Fico assim sem você", "Esquadros", "Mentiras", "Depois de ter você" que foi cantada junto com "Vambora", "Devolva-me", "Metade", "Canção de Novela", "Inverno", "Mais Feliz", "Maresia".
Não vou negar. Senti falta das músicas dos discos que mais gosto: "Senhas", "Grafitis", "Água Perrier...", mas é de se perdoar: muitas músicas dessa poeta ímpar que, certamente, não caberiam nas pouco mais de hora e vinte de show. Show aliás, curtido intensamente (entre uma cochilada e outra, é certo, mas também com muitas palmas!) pelo galego mais cultural do mundo, Daniel, que chegou, contando a avó que tinha escutado Adriana cantando "Avião sem asa, fogueira sem asa, sou eu assim sem você..."
Como notas positivas, a ótima performance de Val Donato e Daniel Pina como show de abertura. Parece que Val segue num caminho muito legal e com personalidade.
A outra, como respeito ao consumidor, as poltronas estavam todas numeradas, de maneira a evitar aquele tumulto sem sentido em lugares tão apropriados para apresentações como essas. Tomara que se torne um hábito sério.
Ahhhhhh e Justo Agora, Pelos ares, e todas as outras d'A Fabrica do Poema.... Mas isso seria um sonho, tb, neh? Poxa, vc jah foi prum show dela antes.... quinvejinha....
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