Dessa vez não tem foto. Não tem foto porque simplesmente não tinha condições de se chegar na frente do palco. Los Hermanos fizeram uma apresentação histórica, emocionante e apoteótica, para dizer o mínimo. E eu estava lá. Eu e os meus hermanos, junto com uma galera agradabilíssima.
Como resolveram fazer apenas dois shows no nordeste, Recife não poderia ficar de fora, tendo em vista que foi verdadeiramente lá, durante o Abril Pro Rock que a banda teve, no mesmo lugar – Centro de Convenções – em que se apresentaram neste dia 15, a certeza de que a carreira da banda tomava um rumo que nem eles mesmos imaginavam. Se era uma homenagem à cidade por causa disso, muito maior a homenagem que Recife fez, desde muito antes de começar o show, à banda.
Qualquer música que era entoada por um pequeno grupo, logo estava sendo cantada por toda a audiência. E de forma ensurdecedora. E foram várias antes da banda entrar no palco. Emocionante. Seguidamente, “O vencedor” (que virou meio hino da banda) foi cantada antes que os barbudos entrassem...
Quando a banda entrou, com duas horas de atraso – motivado por uma desorganização absurda na entrada do espetáculo, que tinha uma fila enorme para receber os ingressos de quem tinha comprado pela internet, Rodrigo Amarante olhou pra platéia e pediu paciência por causa do aperto. Era muita gente, muita mesmo. Não tinha como sair do lugar e, quem saísse, não conseguia mais voltar.
Mesmo o som estando bom (fora umas falhas pontuais no meio do show...), os caras inspirados, tinha hora que a platéia definitivamente abafava a possibilidade de ouvir qualquer coisa de som que vinha do palco. O show estava sendo feito da platéia para o palco. Marcelo Camelo, parou, na terceira música é disse: “Cara, vocês são foda! Vocês são foda!”. E Recife é mesmo. 18 mil pessoas feito sardinhas em uma lata, cantando emocionadas.
Deu pra perceber que Rodrigo Amarante está mais louco do que nunca e que Marcelo Camelo está bem forte, parece nem lembrar mais aquele magro esguio do começo da banda. Mas é certo o toque de Midas do primeiro na musicalidade da banda e a poesia rasgada de romantismo do segundo. Medina leva um som que compõe com a guitarras dos dois primeiros e Barba, que não acompanha a qualidade sonora dos seus colegas, faz a cozinha de maneira básica.
O setlist contou com todas as top da banda, entrelaçando os três últimos discos, somando-se “Pierrot”, do primeiro. Jogaram confetes em "Todo Carnaval tem seu Fim" e terminaram com “A flor”, com um povo gritando enlouquecido, e palavras de Camelo, dizendo estar sem palavras...
Uma hora e quarenta e cinco de muito som, de um delírio, provando que a banda teria tudo, se quisesse, para retornar ao trabalho junta, porque, segundo eles mesmos, ainda continuam jogando baralho juntos... E dá uma tristeza enorme ver aquele povo todo (eu também, com meus hermanos também...) tem que procurar coisas diferentes pra substituir o lugar que estaria reservado para os próximos discos da banda. Saiu todo mundo alegre pelo que viu e triste pelo que não vai ver... Nem vontade de ficar pra ver a outra bandinha tocando deu.
Fomos todos embora, com a sensação de que teremos que esperar (por quanto tempo?) novamente, que eles abusem de estarem sozinhos e queiram, de novo, contemplar seu público com seu retorno ou mesmo com uma outra apresentação como esta, apenas para deixar mais viva ainda a sensação de que ninguém tomará – não que eu conheça, por enquanto – o seus lugares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário