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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Zeca Baleiro - Garden Hotel - Campina Grande


“Se a bebida tivesse liberada aqui dentro, a galera ia subir no palco e colocar o Zeca nos braços!”

Foi o que eu comentei com o amigo Jobson, sentado bem na minha frente, logo na primeira música (“meu amor minha flor minha menina”). Foi quase automático. O auditório do centro de convenções do Garden Hotel se transformou numa verdadeira apoteose. E foi um sambódromo algumas vezes, em outras um festejo com as matracas maranhenses ou um forró em outras partes, um terreiro de candomblé em outras, e um festival de rock ou reggae, ainda em outras. E tudo promovido pelo mesmo Zeca Baleiro.

E tudo foi assim do começo ao fim. Uma grande farra. Se é sempre muito bom sentir quando a platéia está encantada com o que está sendo apresentado no palco, com dedicação, com força, com profissionalismo e com prazer, é muito melhor quando é possível perceber essa dedicação de maneira tão simples como foi no show desse sábado, dia 24 de julho, aqui em Campina Grande.

De fato, Zeca Baleiro é um maranhense ilustre que eu tive oportunidade de ver a primeira vez ao vivo lá, no Maranhão, no teatro Arthur Azevedo, colonial, lindo. Já conhecia alguma das suas músicas, mas a partir daí tudo foi muito mais importante pra mim.

Junto com Lenine, acho que são os dois mais expressivos nomes da música popular masculina contemporânea brasileira. De fato, Zeca, como o pernambucano, tem uma capacidade de criação que é renovada a cada disco, o que também fica muito claro nos seus shows, sempre renovados, mas sempre com músicas impressionantes, com um ritmo que vai da embolada de coco paraibano, às matracas da cultura maranhense, ao forró, ao samba, ao folk, ao lirismo, ao cancioneiro, às baladas.

Junte-se a tudo isso um enorme senso de humor, que faz de suas canções completamente singulares, utilizando termos incomuns, outras vezes até chulos mesmo, coisas bem intrigantes para as poesias e que só ele mesmo para fazer. No novo disco manda a maluca “se danar” (Você não liga pra mim), diz que “esse camarada se androginou” (Bola Dividida), “vontade que dá de mandar o cara tomar naquele lugar...”(Toca Raul) ou então diz (em “Débora”), que foi “babaca paca” e “... vou pra Cancun, teu 171 não me pega mais...” e também diz que “... a prainha degringolou, ta cheio de gringo lá”.
Além disso, diferenciando-se dos outros discos, no atual é bem notável uma presença marcante dos metais em várias músicas, além de umas vinhetas que se espalham por todo o disco (ou os dois discos, já que “O coração do Homem Bomba” tem dois volumes).

Durante o show, Babylon, Meu amor minha flor minha menina, Alma Nova, Salão de Beleza, Alma não tem cor, Lenha, Você não liga pra mim, Bandeira, Samba do Aproach, Toca Raul, Proibida pra Mim, Versos Perdidos, Bienal, Telegrama, Eu despedi o meu patrão, Você é má, indo ainda em Vital Farias (com Margarida) e Geraldo Azevedo (Bicho de Sete cabeças) e por aí foi se desenrolando o show de maneira espetacular.
Algumas faltas foram sentidas, pelo menos por mim, como Minha casa, Comigo, Meu amor meu bem me ame, Disritmia, Dezembros, Stephen Fry, entre outras. Mas mesmo assim, seria uma escolha bem difícil frente ao setlist do show. Impecável.

E tudo isso só mostra a maturidade de um artista que se renova a cada obra, que se dedica à composições com letras interessantes, criativas, bem-humoradas, que cativam a todos, aliadas à musicalidade que mistura influências de todo o nordeste brasileiro, numa levada dançante e envolvente algumas vezes, num romantismo falado de maneira comum em outras, em histórias de humor em outras ainda, o que mostra que já tomou definitivamente o seu lugar no cenário nacional, sendo referência cultural para o Brasil inteiro.

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